Descobri que o meu pai tinha contraído Peste Negra. Vivíamos
em Lisboa. A Peste Negra entrou em Portugal através dos portos no ano de 1348,
em setembro. Como vivo em Lisboa, uma cidade com um grande porto, a Peste Negra
entrou muito rápido. O meu pai escondeu que tinha a doença nos primeiros dias,
mas os inchaços nas virilhas e nas axilas, os vómitos, as dores de cabeça e os
bubões vermelhos escuros ou negros pelo corpo inteiro começaram a notar-se. A minha mãe rezou muito para tirar este castigo de Deus ao meu pai.
Nenhum físico se atrevia a aproximar-se do quarto do meu pai. Fomos muito julgados.
Amigos, família e colegas que trabalhavam com ele no campo abandonaram-no. Eu e
a minha mãe também decidimos que vamos fugir da epidemia. Vamos para Hamburgo.
Lá a Peste Negra é escassa. Espero não morrer no caminho.
Francisco
Guerreiro; nº 7; 8º A